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Os Homens Que Não Amavam as Mulheres (Millennium - Livro 1) / Stieg Larsson


 

“Todos tem segredos.

É apenas uma questão

de descobrir quais são”.

(STIEG LARSSON,

in: Os Homens Que Não

Amavam as Mulheres, 2008)

 

O jornalista Mikael Blomkvist, enfrentando uma das fases mais complicadas de sua carreira, forma uma inusitada parceria com a hackerLisbeth Salander para investigar um misterioso desaparecimento ocorrido há quase quarenta anos. Esse é o quebra-cabeça montado pelo escritor sueco Stieg Larsson no primeiro volume da trilogia Millennium, “Os Homens Que Não Amavam as Mulheres” (Män som hatar kvinnor, 2008, Companhia das Letras, 522 p.).

Acredito que esse título seja o ponto mais fraco do livro pois, apesar de ser pertinente, revela muito sobre a investigação. A culpa, por mais incrível que pareça, não recai sobre a edição brasileira, já que a tradução foi bem fiel ao original – tradução literal: “homens que odeiam mulheres”. A versão norte-americana resolve esse problema com o charmoso título “The Girl with the Dragon Tattoo” - “A Garota com a tatuagem de dragão” em uma tradução livre.


Contudo essa pequena falha é uma das únicas cometidas pelo escritor nessa obra muito bem escrita. Stieg Larsson, jornalista e editor, vítima fatal de um infarto aos 50 anos, não pode testemunhar a publicação de sua trilogia que se transformou em best-seller mundial, ganhou inúmeros prêmios, duas adaptações cinematográficas e colocou a Suécia entre os países que contam com literatura policial de excelente qualidade, assim como a Inglaterra.

Os jornalistas são muito bem representados pelo protagonista MikaelBlomkvist, editor e sócio da revista Millennium. Perdendo sua credibilidade e até mesmo sua liberdade ao ser condenado por difamação contra Wennerström, um poderoso financista, o jornalista aceita a estranha proposta do industrialHenrik Vanger, o idoso patriarca de uma importante e tradicional família sueca: em troca de provas da culpa do financista e proteção para a Millennium, Mikael investigará o desaparecimento ocorrido em 1966 de Harriet Vanger, jovem sobrinha e herdeira de Henrik.


Enfrentando a resistência dos outros membros do clã Vanger e o perigo de um deles ter assassinado Harriet, o jornalista, unido a Lisbeth Salander, se depara com segredos que envolvem muito mais que esse caso não solucionado.


Lisbeth Salander certamente é um dos personagens mais marcantes da literatura atual e responsável pelos melhores momentos desse livro. Mesmo trabalhando para uma empresa de investigação particular, Salender ainda tem que lidar com sua interdição judicial que a obriga a prestar satisfação de todos os seus passos.


Além de nos fazer pensar sobre a intromissão do governo na vida particular, esse volume aborda, como o próprio título entrega, a questão da misoginia, que é o ódio ou desprezo ao gênero feminino. É interessante como na visão de Larsson, a violência contra as mulheres está intrinsecamente relacionada a cultura nazista que, ainda hoje, é um tema espinhoso para os países escandinavos. Vale ressaltar que em oposição a misoginia, o autor cria personagens femininos fortes e independentes como Lisbeth Salander e Erika Berger, sócia de Blomkvist na Millennium.

As duas adaptações para o cinema são muito bem produzidas e fiéis ao livro. Tanto a versão sueca de 2009 quanto a versão holiwoodiana de 2011 do diretor premiado David Fincher (Clube da Luta), estrelando Daniel Craig (007 - Operação Skyfall) como Blomkvist e Rooney Mara (A Rede Scial) como Salander, merecem ser conferidas após a leitura.



Agora é adiantar a leitura dos dois volumes seguintes – “A Menina que Brincava com Fogo” e “A Rainha do Castelo de Ar” – pois a trilogia se transformará em uma série, já que está prevista o lançamento do quarto volume "A Garota na Teia de Aranha" (David Lagercrantz, The Girl in the Spider’s Web, 2015, Companhia das Letras, 560 p.) após um hiato de vários anos causados por brigas entre os herdeiros do escritor.

 

Ano: 2008 / Páginas: 522

Idioma: português

Editora: Companhia das Letras

 

 

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